terça-feira, 17 de junho de 2008

Há caracóis e caracoletas...

Com a chegada do Verão e dos dias de calor é ver o português a degustar uma cervejola fresquinha e a comer gastrópedes (que nada mais fazem que não pôr os corninhos ao sol e rastejar pelas folhas deixando um rasto de ranhoca para trás). É ver cartazes com imagens de caracóis sorridentes caminhando para nenhures com os dizeres "Há caracóis" às costas em quase todos os cafés, tascas e outros que tais.
Mas será que esta tradição caracolar vai continuar?
Segundo o Regulamento (CE) nº 853/2004, que estabelece regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal, é necessário estabelecer determinadas medidas de execução para a carne, os moluscos bivalves vivos, os produtos da pesca, o leite, os ovos, as coxas de rã e os caracóis e respectivos produtos transformados!
Rewind... "(...) determinadas medidas de execução para (...) as coxas de rã e os caracóis..."???
O que raio quer isto dizer?!?!...
SECÇÃO XI: COXAS DE RÃS E CARACÓIS
Os operadores das empresas do sector alimentar que preparem coxas de rã e caracóis para consumo humano devem assegurar o cumprimento dos seguintes requisitos.
1. as rãs e os caracóis devem ser abatidos num estabelecimento construído, organizado e equipado para o efeito.
2. os estabelecimentos onde se procede à preparação de coxas de rã devem ter uma sala reservada para a armazenagem e a lavagem das rãs vivas, seu abate e sangria. Essa sala deve estar fisicamente separada da sala de preparação.
3. as rãs e os caracóis mortos por um processo diferente do abate no estabelecimento não devem ser preparados para consumo humano
4. as rãs e os caracóis devem ser sujeitos a um exame organoléptico efectuado por amostragem. Se esse exame indicar que podem apresentar um risco, não devem ser utilizados para consumo humano.
A partir deste momento, em que fiquei mais culta após a leitura da secção XI na qual se estabelece a existência de um matadouro para rãs e caracóis e exames organolépticos, eu vou perguntar SEMPRE antes de mandar vir a pratada de caracóis para a mesa "Olhe, desculpe lá, estes caracóis foram abatidos em que matadouro? Local, regional ou nacional? Foram abatidos cá ou em Espanha? E as análises aos ditos, tudo impecável, podem-se comer?".
Ah pois, todo o cuidado é pouco!
Mais, nada de ir catar caracóis nas ervinhas para os comer em casa, nada de os comer na tasca da esquina, nada de dizer "oh chefe, é uma de caracóis" de ânimo leve!
Será que a ASAE sabe disto?
E ainda bem que eu não gosto de os comer...

2 comentários:

MulherSemCabo disse...

Eu tenho a sorte de adorar caracóis. colhidos no campo pelo meu pai, mortos pelo meu pai (o matadouro no caso é uma bela panela de água a ferver), e cozinhados (e que bem cozinhados) pelo meu pai... Depois há as tascas, onde se vendem caracóis, as mais das vezes muito mal feitos. Isto é que devia ser proibido pela ASAE. Mas de uma forma geral. Nenhum animal devia ser morto para depois dar origem a uma má refeição incapaz de dar prazer a quem a come. Isso é que devia ser proibido!!! jocas

Paula disse...

eu cá para mim não me ralo nada de deixar a minha dose para todos os que adoram caracois, pois pa ranhosa ja basto eu!!!!!

:P