sexta-feira, 16 de maio de 2008

Querido, achas-me bonita?
*Eu não diria bonita, pois trata-se de um conceito adoptado pelas classes dominantes para classificar animais humanos dentro de padrões de beleza culturalmente preestabelecidos.
Isto quer dizer que sou feia?
*Cosmeticamente diferente é o termo mais adequado.
Mas tu ainda me amas?
*O amor é um sentimento inventado pela burguesia com o intuito de subjugar os indivíduos a um único mode de pensar a sociedade, tirando-lhes a razão e o senso crítico.
E daí?
*Daí, que nutro por ti um sentimento de comparticiação em interesses de ordem habitacional, económica e sexual.
O quê? Quer dizer que tu só me queres como empregada doméstica e prostituta?
*Não se diz empregada domenstica mas, sim, higienizadora ambiental. E tratar parceiras sexuais alugadas como prostitutas não é politicamente correcto.
Tu deves estar louco.
*Emocionalmente fora do padrão.
Bem me avisaram que tu eras um chato.
*Chato não, pessoa interessante de maneira diferente.
Como fui cega...
*Desprovida de capacidade visual é o mais correcto.
Não sei porque casei contigo!
*Não sabes porque te submetes a uma prostituição oficializada.
Idiota.
*Pessoa com ideias fixas.
Para mim chega! Vou procurar um amante que me queira.
*Não precisas de recorrer a este tipo de relacionamento com padrão não convencional, nós ainda podemos partilhar de uma coexistência saudável como duas pessoas com referencias diferenciadas da cultura dominante.
Prefiro conviver com um lavador de carros a continuar contigo!
*A tua preferência em manter uma co-habitação de carácter afectivo com um especialista em aparências de veículos, não lhe dá o direito de comparar opções de meio de sobrevivência alternativo com o meu comportamento que se diferencia dos dogmas do status-quo.
Ah, porque é que tu não podes ser uma pessoa normal?
*A normalidade é uma convenção imposta.
Chega, não aguento mais! Quero-te ver morto.
*O que tu desejas é transformar-me num indivíduo metabolicamente inviável.
Ela pega no revolver que está sobre a mesinha de cabeceira ou melhor: ela pega o revolver que estava sobre o auxiliar domestico (mesinha de cabeceira) oralmente prejudicado e dispara no peito dele. ao ver o marido caído no chão, todo ensanguentado, ela abraça-o.
Desculpa querido, sou mesmo burra!
E por entre o último suspiro o marido corrige-a...
*Pessoa... com uma... lógica... muito peculiar...

3 comentários:

Maria Alentejana disse...

Está um must ou mais propriamente algo politicamente correcto escrito por alguém desprovido de um sentimento que começa a ser cada vez mais raro, ou melhor,inexistente mas não extinto neste mundo louco ou melhor emocionalmente fora do padrão ou sem padrão em que vivemos.
Maria Alentejana

Martinha disse...

Nao sei o que diga... como compreendo esse cidadao do mundo... será que temos que temos que ser todos iguais à norma, ao padrao de uma sociedade que muitas vezes já nao tem valores?! ;)

MulherSemCabo disse...

:) Pois, homens e mulheres falam mesmo linguagens diferentes né? E nós é que somos complicadas, dizem...
É verdade que vivemos todos espartilhados pela moralidade de classe média. Mas, se calhar, visto que essa moralidade está tão entranhada, será que só assim poderemos ser felizes???? Se calhar não. A alternativa é mandar os moralismos idiotas à fava e arranjar mesmo um amante, ou vários, e manter a paz dentro de casa... blábláblá...